30 de março de 2011

DEPOIS DO TSUNAMI...


Quem de nós já não sofreu as conseqüências deixadas por uma catástrofe? A dor de uma separação, o enfrentamento de uma grave enfermidade, a morte de um ente querido, a partida de um filho, a perda de um emprego ou de um grande amor. Ou ainda pessoas que nos decepcionam e sonhos que não realizamos. De repente, as coisas já não são as mesmas, sentimo-nos perdidos, confusos e desamparados.
Quem já não teve que juntar os cacos, recolher o que sobrou entre os escombros, ou revisitar lugares antes familiares e agora devastados?

E depois, passado o susto, sabemos que precisamos levantar, reunir forças e continuar. A sensação é de impotência. Parece que não conseguiremos seguir em frente. O vazio e a solidão podem ser assustadores. Nos faltam o chão, as referências, a direção e o ânimo para prosseguir.

Um amigo me disse que enfrenta, no momento, a passagem de um tsunami. No seu caso, não houve de fato um terremoto nem ondas gigantescas arrasando o lugar onde vive, mas mudanças significativas em sua vida que o levaram a ter que recomeçar. Sua dor é emocional. Ele sabe que precisará seguir adiante e isso implicará em perdas e renúncias.

Desde o início é assim. O nascimento é a primeira perda de todo ser humano. Nascer é deixar o abrigo do útero materno para, nos primeiros anos de existência, gradativamente, constituir-se a si mesmo como um “eu”, um indivíduo autônomo. Parir também é perder, a mãe deve saber separar-se, "deixar ir". E assim, por toda a vida, passamos por mudanças inevitáveis e perdas necessárias ao crescimento e à evolução humana. Somente assim podemos realizar grandes conquistas, aprender com as próprias experiências e nos tornarmos plenos e livres.

Apesar dos medos e dúvidas e das tantas sensações de abandono que nos acompanham nos momentos de catástrofes emocionais, o que nos conforta é saber que tudo isso vai passar, que o sol voltará a brilhar, que há mãos amigas estendidas ao longo do caminho e que, após os tsunamis, podemos sim recomeçar.

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