28 de junho de 2008

Insustentável leveza



Procuro a menina que fui. No meio dessa bagunça dentro de mim, vasculho este quarto escuro e misterioso que mantém sempre a porta fechada para as visitas. Visita se recebe na sala, no local arrumado e organizado pra mostrar só o que queremos mostrar. No quarto escuro da alma ninguém entra.

Ficam guardadas lá (aqui) as lembranças tristes, os sonhos que nunca poderiam ser realidade, as expectativas desiludidas. Coisas que se quebraram e que mesmo não tendo concerto ficam amontoadas em cacos, porque esses pedaços também têm uma história, cada um o seu sentido.
E na bagunça que ninguém vê, coleciono também pequenas alegrias: afetos e bons momentos dos quais não quero me desfazer, porque é a eles que recorro, vez em quando, pra saber quem sou.
Ah! E tem também velhas canções (que nada!! músicas não envelhecem!!) que danço ainda e que me fazem leves. Milan Kundera escreveu sobre a “insustentável leveza do ser”. Acho que todos nos sentimos assim, insustentáveis às vezes, sem chão, numa queda lenta e contínua que nos dá medo e, ao mesmo tempo, uma vertigem boa... É quando nos faltam as certezas e ficamos tão vazios que quase não nos aguentamos em pé. Mas tudo bem... se abandonar em uma queda de vez em quando. Principalmente se tiver uma mão amiga pra nos amparar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário