2 de maio de 2011

SAINDO DA LINHA

Hoje faz tanto sentido voltar a esses rabiscos de 2009... De repente me desalinho e, entre pontos e silêncios, me perco nas reticências. O movimento do ponto origina a linha. Do latim, linea: fio, corda, limite. Linhas conduzem a uma direção, nem sempre numa reta. Às vezes são as curvas que têm mais sentidos. Abrem possibilidades, dão linha, dão corda, estimulam as palavras, as caminhadas e as perguntas. Envolvem relações, alguns embaraços, amarras e muitos nós. Mas sair da linha, contrariando as normas ou as expectativas, transgredir os limites, isto sim é uma experiência pra lá de excitante.

TODAS AS LINHAS (20/03/2009)

Eu sei, a distância apaga tudo
O cheiro da pele
O gosto do beijo
Cada segundo congelado
E as letras do meu nome
no seu corpo desenhado

Mas é mentira se eu disser
que não te quero, que não te vejo
Nas ruas vazias, casas, muros e
esquinas
Nos versos que eu escrevo
no outro lado das linhas

Escorrem palavras
Que eu pinto com os dedos
Sem rumo, sem tempo, sem chão,
nas horas a mais
Com chuva e saliva,
traço o futuro na palma da sua mão

E guardo o desejo
naquela gaveta
Onde deixo meus olhos
E a vida está pronta
E os nós me embaraçam
E te amo maluca

Te mando sinal, ponho anúncio no jornal,
pra você que me enrola e encanta:
Escreve todas as linhas
e coloca o ponto que não é final

3 comentários:

  1. adorei... lindo... voce é demais... fiz meu blog mas ainda nada escrevi!!! saudade de voce

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  2. Aí está o ponto que me pariu.

    .

    e só.

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  3. Somente as linhas, as palavras rabiscadas que fazem sentido e nunca há um ponto final.

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