No ano passado uma delegação de lideranças Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, esteve em São Paulo pedindo apoio aos movimentos sociais no caso do assassinato do cacique Marcos Verón e na questão da luta pela demarcação de suas terras, situação que vem gerando violência, explusão de famílias de suas moradias e despejos. Foi em confronto como esses que morreu o líder Marcos Veron. Conheço e estimo sua família, suas filhas, víuva, netos, que neste momento estão vindo a São Paulo para acompanhar de perto o julgamento dos assassinos, que será retomado hoje, 21 de fevereiro. A eles, meu mais profundo desejo de que a justiça seja feita.
Segue abaixo a Carta das Lideranças Indígenas aos Movimentos Sociais de São Paulo:
Viemos do Mato Grosso do Sul a São Paulo, em maio de 2010, na luta por nossos direitos, buscando apoios e aliados, esclarecendo a dramática situação por que passam os mais de 40 mil Kaiowá Guarani, espremidos em menos de 40 mil hectares de terra e jogados às beiras das estradas em 22 acampamentos indígenas. Estamos cada vez mais sendo engolidos pela cana, soja e gado. O nosso direito que foi conquistado na Constituição de 1988, não está sendo cumprido.
Várias usinas de etanol estão em construção, sendo previsto um total de 60 novas usinas, a serem construídas nos próximos anos, em cima de nossos territórios. Tudo isso põem em perigo a nossa sobrevivência como povo Guarani, caso não sejam tomadas as providências imediatas de reconhecimento de nossos territórios.
A situação de violência a que estamos submetidos e que acontecem em nossas aldeias é considerada superior ao que acontece nas grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo e mesmo nas áreas de guerra, como Iraque e outroslugares de conflitos abertos, pelo mundo afora.
Sabemos que essa situação só vai melhorar com a nossa efetiva luta e apoio dos aliados e amigos no Brasil e pelo mundo afora. É por isso que estamos aqui em São Paulo nesses dias.
Viemos reivindicar e exigir das autoridades responsáveis:
1. A urgente conclusão da identificação e demarcação de todas as terras Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul;
2. Que dentro dos próximos 80 dias, a FUNAI tome providências necessárias para o reconhecimento e permanência da comunidade Kurusu Ambá em suas terras, ressaltando que o grupo de trabalho de identificação da FUNAI está paralisado;
3. Que ocorra a punição dos responsáveis pelos assassinatos de todos os Guarani Kaiowá, nos últimos anos, na luta por seus direitos;
4. Queremos o julgamento imediato, dos acusados do assassinato da liderança Guarani Marcos Verón;
5. Queremos o empenho da Polícia Federal para a localização do corpo do professor Olindo Vera, desaparecido há mais de 6 meses e a punição dos assassinos do professor Genivaldo Vera;
6. O julgamento imediato da Terra Indígena Nhanderu Marangatu, pelo Supremo Tribunal Federal;
7. Urgente solução para a dramática situação em que se encontra a comunidade Laranjeira Nhanderu, despejada na beira da BR-163, em setembro de 2009, encontrando-se em situação de estrema insalubridade, violência e miséria.
“Somos os verdadeiros donos desta terra.
Acabou a nossa paciência, o que nos
resta é a nossa união e mobilização
na luta pelos nossos direitos e apoio de todos.”
Acabou a nossa paciência, o que nos
resta é a nossa união e mobilização
na luta pelos nossos direitos e apoio de todos.”
Lideranças das comunidades Kaiowá Guarani, do Mato Grosso do Sul: Kurusu Ambá, Ypo´í, Laranjeira Nhanderu, Taquara, Nhanderu Marangatu
São Paulo, 7 de maio de 2010.
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