26 de abril de 2009

Chuva



Tarde de sábado, Campo Grande. Fico no carro enquanto meus amigos atravessam a rua pra comprar incenso. É preciso perfumar a casa. Chove muito. Essa água toda caindo do céu, lavando os vidros do carro, um choro da natureza.

É triste. É uma tarde triste. E não ligo que seja triste. Tenho vontade de me molhar, de sair na chuva, parar de me preocupar e aceitar, me entregar no que tiver que ser, sem grandes sofrimentos.
Dá vontade de nem ligar pra imperfeição. De não me preocupar mais com as “lágrimas de diamante”, e deixar o mundo chorar à vontade, e deixar meu coração seguir livre o seu vazio, e me atirar nesse oco pra ver onde vai dar, e fazer isso não por coragem, mas por medo, pra finalmente desmistificar o medo.
Acho que é uma atitude corajosa enfrentar nossos medos de frente, desarmados. Isso eu tenho que fazer agora, não posso adiar, porque se tiver medo de me machucar, se paralisar agora, vou me acostumar ao que não gosto. E isso não é justo, porque a vida é pra ser vivida com gosto, com prazer e desejo de ter ainda mais.

Meus amigos entram no carro, vamos ao supermercado. Enquanto fazemos as compras, penso que ter amigos é uma parte maravilhosa da vida. Que bom saber que no caminho sempre se cruza gente boa. O que seria de mim se não pudesse desfrutar desses simples momentos cotidianos? Ou o que seria se não fizesse reflexões entre as prateleiras de um supermercado?
A vida deve ser assim, uma história bacana. Eu quero escrever uma história bacana. Porque, como me lembra sempre uma grande amiga, “não sou nenhuma vagabunda pra viver de qualquer jeito, viu meu bem!” E, no final da história, quero encontrar a Ana, quero voltar pra casa e deixar a porta aberta pra que ela entre e me conte mais sobre a vida.

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